terça-feira, 20 de agosto de 2013

Canções silenciosas





Eu sempre silenciei, mas hoje decidi tocar uma canção porque o cantar parecia uma arte ausente na vida. Como seria a vida sem canções? Seria um tipo de vida que não tenho a capacidade de imaginar. Às vezes, tenho a sensação de que toda a canção, em qualquer cultura, anseia por silenciar um pensamento ou qualquer tipo de ideia expressa. Qual a razão desta inferência? É devido a capacidade da  canção e o silêncio ter os requisitos para  fornecer uma elucidação inefável. Será o silêncio consequência da canção? Será a canção consequência do silêncio?
Sei que o silêncio detém muita exigência. Ele reivindicava uma presença constante. Ele não abafava as canções da vida canções da humanidade (tenha sempre em mente este pensamento).  Ele não abafa, pois nada ou ninguém tem o poder de abafar alguma coisa. Abafar é apenas uma metáfora de sustentação simbólica insustentável no universo humano.
O Silenciar é também encarado como uma arte, mas uma arte de algo chamado de angústia. É preciso estabelecer para o leitor de que o trajeto em vida ou a feitura do nosso percurso  reflete muito silêncio e infinitas canções. Isso é tudo que sei! Sei? Agora, penso não saber mais. 
Meu aprendizado de vida é muito disperso. A dispersão tem sido a única coerência autêntica. Por que a dispersão da vivência toma conta de mim e outorga uma presença para cada ideia, ação e sentimento?
Quero continuar fazendo outras perguntas por que sou uma eterna indagação. Ser pergunta é cultivar a dispersão. Para  finalizar esta composição textual organizarei mais algumas perguntas, questionamentos ou indagações(deve haver, com certeza, uma sutil diferenciação para cada vocábulo mencionado antes da abertura do parênteses, mas nunca pesquisei a respeito. Dos vocábulos sempre gostei mais da palavra indagação)
Minhas indagações são as seguintes: quando saberei escrever um texto com um mínimo de coerência? Quando aprenderei a errar na vida? Quando aprenderei a solidificar e a reproduzir todos os meus anseios, medos, ressentimentos?  Por que toda a minha conversa tem sido uma eterna incógnita para mim? Por que todos compreende-me com uma magnífica simplicidade? Será que conseguirei, algum dia, ter uma leitura de mim sem o conceito da dispersão? Sei que a resposta pede um tripé: ser um sim; ser um não ou ser uma interrogação. Também posso ampliar a dimensão deste conceito e dizer que a resposta pode ser: um sim; um não; uma interrogação; um silêncio ou uma canção.




Rave de Ranoli     



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